Passado Não Esquecido
O Chile é um país incrivelmente belo, mas não resta dúvida de quê parte da sua história coleciona uma série de acontecimentos terríveis. Sob a ditadura de Augusto Pinochet, que esteve no poder entre 1973-1990, inúmeras violações dos direitos humanos foram cometidas, incluindo a tortura e desaparecimento de pessoas cujos ideais políticos não estavam alinhados com o regime do coronel. Estes eventos foram indiscutivelmente atrozes, e eles levantam uma importante questão: como é que um país lida com um passado como este? O governo chileno e as pessoas têm preservado essa história sombria de várias formas e uma delas se faz através do Parque pela Paz Villa Grimaldi.
História
Esta propriedade de 3 acres, localizada na periferia de Santiago, na comuna de Peñalolén, era inicialmente um complexo de luxo usado como ponto de encontro para a elite intelectual do Chile nos séculos XIX e XX. Haviam salas para reuniões, um teatro e uma escola, entre outros espaços comuns onde muitas vezes eram apresentados eventos para artistas e intelectuais chilenos. No entanto, quando Pinochet chegou ao poder, “os seus homens” pressionaram o dono da propriedade para que ele a vendesse para o coronel.
O proprietário cedeu à pressão, vendeu todo o terreno , e logo em seguida a polícia secreta de Pinochet, a DINA, assumiu o controle do espaço e começou a usá-lo como um centro para interrogatórios. Esses interrogatórios frequentemente envolviam tortura, incluindo choques elétricos, espancamento e abuso sexual. O complexo tinha diversos cômodos com diferentes tipos de instrumentos de tortura. Estima-se que 4.500 presos foram interrogados em Villa Grimaldi, e pelo menos 226 deles estavam entre os indivíduos que “desapareceram” durante o governo de Pinochet. Em 1978, o complexo foi vendido à uma empresa de construção que planejava demolir tudo para construir casas populares. No entanto, alguns grupos comunitários lideraram um movimento para transformar a área em um memorial, que hoje é o Parque pela Paz Villa Grimaldi.
A Villa Grimaldi Hoje
O Parque foi inaugurado em 1997 como uma homenagem à todos aqueles que alí sofreram inimagináveis torturas. O parque é composto por uma extensa área aberta, bem como vários espaços fechados. Muitos remanescentes da ditadura foram destruídos, mas alguns deles foram preservados e tornaram-se características do Parque da Paz. Hoje em dias, estão em exibição réplicas de instrumentos e quartos de tortura, como as Casas Chile, cabines pequenas onde até quatro pessoas eram forçadas a permanecer por meses, totalmente imóveis.
Nas imediações, há um muro exibindo os nomes das vítimas que sofreram monstruosas torturas, bem como uma sala memorial com artefatos e informações sobre as pessoas que desapareceram e nunca foram encontradas. Ao longo do parque, existem várias homenagens artísticas para essas pessoas, bem como as pessoas que lutaram contra essas práticas de tortura durante o regime de Augusto Pinochet.
Como Chegar & Horários
O parque pode ser acessado através da Estação de Metrô Plaza Engana (linha 4), ou dos ônibus 513 e D09. O funcionamento é entre às 10:00 horas e 18:00 horas todos os dias do ano, a entrada é gratuita. Visitas guiadas estão disponíveis somente em espanhol, devem ser agendadas com antecedência e são possíveis apenas para grupos de no mínimo 10 pessoas. A reserva deve ser realizada pelo menos com uma semana de antecedência através do site do Parque. Este não é um destino frequentado por turistas, de maneira geral.
Mas é o destino certo para aqueles interessados em aprofundar os seus conhecimentos sobre a cultura e história do Chile, também como para os viajantes que gostam de explorar mais além.